segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Os mistérios do Rosário e do Véu - Magia negra a energia doente. Cap. 1;2;3;4;5;6;7

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

OS MISTÉRIOS DO ROSÁRIO E DO VÉU.

Magia negra, a energia doente

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                           

 

 

 

 

 

 

                              Zara Feus

 

                            Idílio Oliveira de Araújo

                                     

 

 

 

 

 

 

O homem tem que se manter fiel aos seus princípios, mesmo nas adversidades, mesmo em um tempo estendido, em tempo de dores e nostalgias.

Um homem de fé não pode tombar em desgosto, pois o acaso não é obra do criador. E as sementes lançadas ao solo? E a colheita dos frutos? Tudo faz parte do mistério do riso.Não te deixes anistiado, não queiras uma vida sem lutas e desafios, a subida pode ser árdua e cheia de dificuldades, e muitas e muitas vezes, na subida, tu te arrastas feito lesma, pois se te pores na vertical certamente tombarás no abismo da desilusão, e não esqueças que a descida é rápida e violenta, e muitas vezes machuca um coração desprevenido.

Mas ao voltares à vida real, ao limite do teu sonho e vida, deverás continuar a caminhar com alegria e sem mágoas pois se assim não for, perderás um ou outro nos desvios de uma vida sem fé.

Não te desesperes meu amigo, pois se parares na subida , prejudicarás os que se postam atrás de ti esperando para seguir o único caminho permitido, o único caminho fora do abismo, arrasta-te, mas segue, fere teus pulsos e veias, mas segue, choras , mas segue cantando, não olvides que ao teu lado dois seres iluminados volitam seguido teus passos, e nunca , nunca estarás sozinho.

O passado, mestre da vida, senhor do destino, nada te pede , apenas recorda, em nada te pune , apenas restaura.

 

 

Zara Feus.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A moral de um homem é o seu porto seguro

A fé o seu abrigo maior

Virão as noites frias e sem lua

Virão as tempestades e as lágrimas

Na turbulência da moral o homem naufraga

Na ausência da fé, torna-se indigente

Na solidão o homem busca sabedoria

Mas é na presença dos entes queridos

Que encontra felicidade

Na dor o homem cresce, se reflete os erros

Mas é na alegria que progride.

Zara Feus

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mensagem inicial.

 

 

 

 

 

A vida meu amigo é uma breve temporada, que engloba várias histórias, mas tão pequenas em tempo que chegam a ser esquecidas em vários momentos, e cada espaço percorrido torna-se um átimo , depois e uma eternidade no durante, no existir no momento.

E nessa vida deve-se buscar além da preparação para os prazeres materiais, sobretudo, a espera, a preparação para a dor que se avizinha, pois entre um dia e uma noite sempre existirá um morrer e um novo dia.

Se o amigo busca apenas a alegria de momento, saiba que de momento tudo é efêmero, o que fica e o que resta em nós é a alegria na dor, é a resignação na espera, é espera na dor.

Tudo meu jovem compositor de vida, é reflexo, o próximo instante reflete o antes, as conquistas são tão frágeis.

Prepare a sua amargura, objetive a sua vida para que a dor chegue e ao se instalar se depare com paz dentro de ti, e entenda que é passageira, que não mais que um instante, que dura menos que uma vida.

Não se desespere nunca, desespero é falta de preparação para o futuro incerto, desespero é prolongamento do medo , e semântica da dor.

A vida meu amigo é oportunidade de renovação, é oportunidade de rever erros e fatos, de rever amigos e alegrias esquecidas, é oportunidade de evoluir a alma impura, é a chance de vencer uma nova etapa.

A felicidade é alheia a nós, ela pertence aos outros, a quem amamos, aos filhos e pais, a felicidade está no outro, externa a nós, ela é um veículo de transição um veículo de união é a paz sonhada.

Não se pode ter dois tempos, tem-se sim dois lados , duas etapas, tem-se dois momentos, várias vidas, várias histórias, tem-se sim muitas oportunidades.

A magia , a energia doente, o erro , o engodo , a falsa certeza da eternidade do conhecimento, a sabedoria não se despedaça no tempo.

Meu nome e  minha história, serão novas etapas no mundo das energias disformes, no mudo das certezas irreais.

Zara Feus. 

 

 

 

 

 

 

1. O vale dos Mortos

 

 

No vale dos mortos na cidade Comum do país de Gales, no monte sagrado de Snowdon, perto das cambrianas, ainda hoje, pode-se vislumbrar ao longe, preso por um tênue fio, em uma tumba, o véu e o rosário.

O que existe é escuridão, e os dias lá, são como a noite, uma única escuridão, a névoa, os jardins abandonados e o vento que uiva, como um lobo perdido. As folhas secas correm como se vida tivessem.

É lá, sentada próxima aos meus restos mortais, que fico, perdida e sem ter forças de desprender a minh'alma da carne apodrecida do meu corpo sem vida.

Fico dias, semanas, anos, dia a dia, noite a noite, apenas a sentir o  perfume que exala da minha última morada.

Estou vestida com um vestido longo, dos tempos dos reis, um manto negro, mas de um negro com vida, os babados da saia são cheios de rosas negras, mas , para minha tristeza e dor, o meu corpo está sujo, meu vestido , apesar de belo, está envolto em lama, uma lama , viscosa e enegrecida.

É aqui, o meu tempo, é aqui a minha vida.

Os jardins da casa dos mortos, é o único lugar que posso estar. Caminho por entre as suas paredes, cheias de lodo e musgos. Aqui os mortais não mais freqüentam, pois é um lugar esquecido do mundo, fica em uma montanha , longe da vila, no escalpo de uma gruta cheia de árvores e samambaias. Os homens não mais conhecem a terra dos mortos. È aqui que vivo, longe da minha vila , dos meus parentes, de tudo que fui.

Estou sentada, com as mãos postas por sobre o meu vestido, cabelos em desalinhos, caminho descalça por entre os restos mortais  da minha juventude e alegria.

Meus pés sangram, mas não é esta a dor que corrói minha alma, a minha dor é infinita é a dor da culpa, é a tristeza do remorso, a minha dor é maior que a  minha capacidade de suportá-la.

Posso visualizar à minha frente os jardins do palácio do meu pai.

Sim, me vejo a correr por entre as árvores frondosas e a grama verde que se alonga por quilômetros da nossa propriedade. Comigo brinca uma outra criança, sim , é ele, o meu Patric, meu sol , nós somos dois anjos ao vento, meu vestido infantil de cor amarelo com bordados creme, se confundem com a roupa de Patric. Ele é bem mais velho que eu , talvez quinze anos e eu nove . Ele usa uma roupa colada ao corpo  de cor esverdeada, mas  a sua calca é presa um pouco abaixo do joelho e segue uma meia branca e uma sapatilha preta. Ele é um cavalheiro.

A minha visão se turva, e não consigo mais enxergar , por isso grito e blasfemo contra o Criador, que me abandonou aqui neste vale de lágrimas, só e sem o meu Patric.

Começa a cair uma chuva fina , fria, e eu choro. Mas a lágrima que lava minha alma petrifica a minha dor, não mais choro de pavor ou medo, não mais choro o desespero de estar só, apenas a lágrima derrama na minha face a mágoa que tenho de viver e não morrer nunca, apenas choro, sem sentimentos ou melancolia.

Nada do que sei e aprendi sobre dores, fluidos, terapias de ilusões, ervas corpos, vampirismo, nada, é como se aqui o mundo não tivesse encanto e as leis físicas e psíquicas não existissem, aqui, digo é um lugar sem leis, sim , sem lei real. Onde estão os mestres da escuridão a quem tanto servi, e eu aqui, perdida e sozinha, meu único alívio é imaginar que Ele existe, o mago branco, o senhor dos mundos, o alívio dos mortos. A magia da luz.

Eventualmente, mas com freqüência, recebo visitas de monstros, que uivam e ameaçam a minha dor, gritam que vão levar meu espírito desolado para prisões onde certamente entenderei a dor e o ranger de dentes plasmados nas escrituras sagradas.

Outras vezes sinto um alívio espaçoso para minha desdita, uma brisa suave invade meu ser.

Entenderei no tempo oportuno essa dubiedade de sentimentos.

Compreendo que o que fiz me prende aqui, mas imaginei que poderia me desvencilhar dessas amarras.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2. A Inocência perdida

 

O Castelo do Senhor Renoir, fica na encosta da montanha do mar. Tem duas torres, uma com vistas para as florestas verdes das serras do mar, a outra, sem janelas , apenas no alto aberturas  que corre o vento, em um ambiente frio.

Na frente do Castelo, um lindo jardim, com a grama cortada, aqui e ali, arvores majestosas  convidavam à meditação e a prece.

Quem dera eu houvesse percebido tudo isto, antes de embrenhar-me na escuridão, antes, bem antes de conhecer a magia e a sedução das trevas.

Meu pai, homem poderoso, senhor da vida e da morte nos seus domínios, não perdoava a menor falha dos seus, vivia em seu mundo, e nele comandava à mão de ferro.

Eu cresci assim, entre o poder e a solidão, pois minha mãe partiu para a terra do adeus, antes do meu primeiro sorriso, na minha primeira lágrima.

Ainda criança, quando abandonada na torre cega, para entender, na visão do meu pai, a necessidade do isolamento e o desprezo pelos outros, petrifiquei as minhas emoções , aprendi a fingir e a modelar a dor.

Certo dia , na torre, sozinha, recebi a visita  de uma sombra, não tinha medo nem alegria, apenas curiosidade, aquela mulher vestida de negro, sentada em um canto, de frente para as paredes nuas da torre, repetia palavras incompreensíveis e sem descanso, as mãos postas à sua frente entreabertas, como que a amassar alguma coisa invisível aos olhos, olhos fechados, eu me aproximei, ela de repente volta o olhar em minha direção e diz palavras que não entendi, eu recuo e ela levanta os braços , fecha-os lentamente unindo as mãos como em uma prece e some da minha visão como que por encanto.

Foi assim o meu primeiro contato com ela.

Outras noites ela voltou, já não mais senti solidão, aquela mulher vestida de negro, me acompanhou pelos caminhos da magia, servia me de guia, de norte, foi ela que me apontou  o caminho.

Ficava a observar os seus movimentos, e mais tarde ela confessou me que aquilo era a preparação para a minha iniciação.

 

 

 

 

 

 

3. O Colégio Rosário

 

O Colégio Rosário estava situado em uma rua singela, sem árvores e sem cor.

Foi assim, pobre, paredes de um branco perdido, um chão tosco, e uma roseta pintada na parede da frente que conheci a dor e o desespero de um tempo perdido.

A primeira vez que visitei o Rosário, senti que lá seria a derrocada da minha vida. Um arrepio ameantou a minha coluna e o meu corpo tremeu de um arrepio frio e sem sentido.

Mesmo assim, não temi.

A minha visita se deu em virtude da festa da magia.

A festa da magia era um encontro com o desconhecido, e eu com quinze anos e filha do poderoso senhor das terras do Renoir, além de aceita reservadamente, poderia ser a mais poderosa das senhoras do Rosário e do Véu.

O encanto do poder fascinou a minha mente varonil e a minha ânsia e desejo de manipular as trevas e o desconhecido.

A reunião trazia as novatas com o rosto encoberto em um véu negro, ao adentrar no primeiro pavimento senti que não mais poderia voltar, e que, apesar de nada saber, entendia que o meu destino não mais me pertencia.

Hoje, ainda sinto na minha alma o peso da minha decisão.

Era um tempo diferente, a manipulação das forças do mal era uma preocupação infernal na sociedade em que vivi.

Foi assim, que se planejou a derrocada das trevas na terra, Patric seria e viria à terra destruir o mundo das trevas, a encarnação do mal, a destruição de um tempo onde o mal era o grande vencedor. Ele fora o escolhido por suas qualidades morais , mas eu, a sua alma estrelar, o seu tempo perdido, o seu bem , seria o mal , a sua prova mais difícil, a sua tentação e agonia. Seria eu  o caminho do fracasso do meu amor.

Eu fui a encarnação planejada pelas trevas com a permissão do senhor da vida. Mas Patric aceitou resgatar o meu espírito do Limbo.

 

 

 

 

 

 

 

4. A Iniciação

 

                            As iniciadas caminhavam em fila, todas vestidas de preto, mãos postas como em oração, porém, os dedos indicadores de cada mão permaneciam colados aos lábios, como a relembrar a necessidade do silêncio e do juramento, de não revelar os segredos do Rosário e do Véu.

                             Eu, e mais três, estávamos ao centro, ajoelhadas, com as costas voltadas para as demais e de frente uma para a outra , formando um círculo, em atitude de oração.

                             O templo era de uma escuridão que trazia feridas pela luz das velas que tremulavam no ambiente, na verdade eram nove velas postas em círculo, formando um anel para aprisionar-nos através do fogo.

Senti ao meu lado a presença de um ser que não pude visualizar, mas sabia que era imaterial.

No grande círculo as iniciadas caminhavam no sentido horário e no pequeno círculo, apenas nove caminhavam no sentido anti- horário.

Quatro, das nove, aproximaram-se de nós quatro e derramaram um líquido quente em nossa face, falando palavras incompreensíveis para mim, mas senti a evocação das forças das sombras.

Não tinha medo, estava destinada a vencer as forças da natureza, a manipular as energias do mundo.

Assim, tornei-me uma iniciada do Rosário e do Véu, uma seita destinada a estudo da magia em todos os seus ramos que existiu no passado e que repercute ainda neste século os seus ensinamentos  e compromissos com o plano maior.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

5. Magia Negra.

 

 

                            Era uma rua escura e pobre, lá uma menina havia morrido, numa casa simples, o quarto pequeno uma velha cama à esquerda, uma cortina fazia as vezes da porta, e no canto direito, o véu tentava esconder o corpo, pois a família não tinha condições de comprar um caixão.

                            A nossa missão era simples, estávamos ali para subtrair o corpo, quando ainda estava com restos de poder vital, para que os senhores das sombras pudessem usá-lo em magia.

                            Éramos três, eu, a adolescente que se faria amiga da pobre família e dois iniciados que se passavam por meus fiéis escudeiros.

                            Aquele corpo inerte, angelical, eu a maldade vestida de cetim, dentro da pobreza e da dor, prometi dignidade àquele corpo e pela vez primeira menti e levei o corpo sem vida para os vampiros que imaginei seres evoluídos e poderosos perante mim.

                            Dantesca a cena de aspiração do fluido vital. Colocávamos o corpo nu, deitado com as palmas das mãos voltadas para cima, e próximas ao corpo. O Guardião ou Grande Mestre, vinha por trás do corpo e com as mãos envolvia o chacra frontal do corpo já sem vida e canalizava a energia que se desprendia para a boca aberta, atrás do mestre, dois outros de hierarquia imediata, formavam um triangulo perfeito e com um dedo em riste em cima do chacra situado à base da coluna do Mestre, sugavam energia canalizada do corpo, depois de filtrada pelo corpo do Mestre, e assim, sucessivamente, dois a dois até o nono triangulo  perfeito.

                            Na parte inferior do corpo, exatamente nos pés, ficavam os iniciados, a retirarem os fluidos mais materiais, desta feita, cada iniciado pegava com ambas as mãos, os pés do corpo sem vida e por dez segundos recebiam os fluídos do corpo, eu não consegui me aproximar do corpo, mas fui punida, com o isolamento por longo período e nas reuniões ficava fora do cordão energético de isolamento, e para me redimir perante a assembléia, tive que levar uma jovem para sacrifício perante todos.

                            Como dói recordar a loucura que enredei em minha vida, como coro ao lembrar aquele corpo de menina inocente para os lobos e como me será penoso relatar aquele dia, o mais sofrido em toda a minha existência, pois a menina flor era a minha pequena irmã. oh!Deus, perdoai-me.

 

                           

 

                           

                           

6. O sacrifício

 

Havia eu retornado à casa, envolta em sombras, seguida pelas sombras espirituais dos Monges desencarnadas do Rosário. Seres atrofiados, e fétidos, porém, apesar da decomposição perispiritual, eram Mestres renomados da Seita, Senhores da Magia e do Véu.

A influência desses seres era tão presente, que os meus desejos eram determinados por eles.

E naquele dia, a determinação era única. Sangue para os Mestres, energia vital para os Magos das Sombras, sangue puro e infantil, era a prova do meu desespero, da minha decomposição, do fim da pureza em mim.

Entrei, como que menina pura e feliz, cantava qualquer música que lembrava a Terra Natal, a porta estava vigiada pelos seres negros, a minha aura também era negra e afastava de mim os seres de luz que zelavam pelo meu lar. O meu livre arbítrio, a minha decisão. Bem, que se tentou impedir, mas Letícia era devedora, a sua candura atual não havia apagado a necessidade do resgate final de um passado marcado pela dor, foi ela responsável pela exterminação de toda uma Vila, queimados vivos, arrancados do convívio do lar, e jogados aos lobos famintos da desordem e destruição.

Disse qualquer coisa, não recordo, envolvi Letícia por entre os braços, beijei os seus lábios e a convidei, - Vem comigo, vem amor meu  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                           

                           7. A Exaltação.

 

                             Hoje, retornei àquelas ruínas de uma pequena igreja em uma cidadezinha perdida no meio do nada em algum lugar do universo.

                            Já na minha chegada soube da morte das três irmãs.

                            Evidente que me desloquei até lá. Paredes nuas e pelas frestas das velhas portas pude observar os quartos desarrumados, as bonecas usadas em magia esquecidas em um canto, algumas velas coloridas, derretidas.

                            Entrei como habitualmente, por trás da construção e ali pude ver o velho cão caído morto em seu canto. Desta vez não fui atacada. Subi pela lateral e cheguei ao pavimento superior. As janelas quebradas, e por toda a construção ervas daninhas cresciam como a tentar dar vida ao local, mesmo uma vida sem forma.

                            A velha e velha amiga, cabelos em desalinho, faces enrugadas, vestido azul queimado pelo sol, apareceu por entre a vidraça quebrada e me perguntou o que eu fazia no local, afinal eu não era bem vinda, na verdade, apesar do seu mal humor constante ela apreciava a minha presença, mas fazia questão de se mostrar carrancuda.

                            De inopino e quase que imediatamente apareceu a sua irmã, estava como que alienada, olhar fixo no infinito e rosto com um pó branco que denunciava a sua morte recente.

                            Falei da necessidade que se tinha de enterrar os corpos para que elas não ficassem envolvidas na carniça natural da carne em decomposição. Ela relutou mas permitiu que eu retirasse os corpos.

                            Iniciei a retirada pegando cada um dos corpos e levando ao quintal lá próximo onde o velho cão dormia o sono derradeiro.

                            Pacientemente e envolvido nas emanações fétidas dos corpos enterrei um a um, inclusive o do velho cão de um preto encardido e seco.

                            Terminado o que me propus a realizar retornei ao corpo, não sem antes tomar uma bebida de cor goiaba que me sufucou até despertar sem fôlego e quase a não solver o ar puro do ambiente em que se encontrava meu corpo a repousar.

                            Estas viagens astrais eu fazia com freqüência, o meu aprendizado em magia me permitia encontros fortuitos com os seres que vivi e mantinha aproximação.

                            As almas esquecidas que permitiram a minha presença eram iniciadas condenadas ao esquecimento por traição à Ordem e por revelarem segredos só abertos por três mãos em um ritual em que usávamos sangue de animais vivos e depositávamos nas entranhas dos mesmos a dor a ser espalhada no corpo de quem se revelasse contrário ao Rosário e o Véu.

                            As duas irmãs foram condenadas a perecerem perto dos seus restos mortais, ligadas pelo liame, fio de luz, até a decomposição e morte do Cachorro usado por elas em um trabalho de destruição não permitido pelo Grande Mestre.

                            A minha designação para efetivar o trabalho de cremação dos eflúvios etéreos  dos corpos e do benzimento dos espíritos, se deveu a minha preparação para ocupar o lugar de Mestre do Rosário.

                           

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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