sábado, 9 de outubro de 2021

QUANDO EU NAVEGAVA MAIS

Quando eu vivia a desbotar caminhos

a sonhar nódoas e contramãos

e andava neste mundo sem saudades 

quando eu corria sozinho

sem estranha necessidade de olhar pra traz

e sem navegar em entranhas e nem túmulos úmidos e perdidos

eu era feliz e até sabia

como jovem me perdia mas navegava muito mais

quando eu era só correnteza 

ou folha desnuda do tronco e nada sentia

eu podia até ser perdido

mas navegava muito mais

hoje vivo livre na teoria

atropelando sentimentos e ais da minha solidão coletiva

navegando em mão única e com uma estranha necessidade de voltar 

navegando em entranhas que derramam e ninguém vê

desejos e dançando sem som

com bocas mas mudo

abro os braços e me abraço sozinho com gostos de batons que ninguém deu

tudo tão esquisito e fico surdo sem nome pra dizer meu

e vida?

se hoje sou feliz?

você duvida?