Quando eu vivia a desbotar caminhos
a sonhar nódoas e contramãos
e andava neste mundo sem saudades
quando eu corria sozinho
sem estranha necessidade de olhar pra traz
e sem navegar em entranhas e nem túmulos úmidos e perdidos
eu era feliz e até sabia
como jovem me perdia mas navegava muito mais
quando eu era só correnteza
ou folha desnuda do tronco e nada sentia
eu podia até ser perdido
mas navegava muito mais
hoje vivo livre na teoria
atropelando sentimentos e ais da minha solidão coletiva
navegando em mão única e com uma estranha necessidade de voltar
navegando em entranhas que derramam e ninguém vê
desejos e dançando sem som
com bocas mas mudo
abro os braços e me abraço sozinho com gostos de batons que ninguém deu
tudo tão esquisito e fico surdo sem nome pra dizer meu
e vida?
se hoje sou feliz?
você duvida?