terça-feira, 21 de abril de 2020

O mundo perdido de Suzana


A coragem dos gestos de encontro
o todo dos diálogos em partes
na expectativa  do conhecimento
a tua postura e a minha dúvida

o dizer o que sempre esteve
mas que ainda não foi dito
a recusa de representar
e apresentar sentimentos

a tua forma de atribuir sentidos
os movimentos que se encontram
inusitadas diferenças
no teu colo e no meu pensar

como poderia o meu sentir
falar sobre o teu querer
sem estar dentro de ti
sem explicar a magia
que escondes atrás do vestido

que mundo perdido teu espelho não vê
se a cegueira que escondes
não fala nada sobre nós
nem sem nós sobrevive

de Idílio para Suzana





segunda-feira, 6 de abril de 2020

Através do espelho


E eu com saudades de tu
que me aquecestes no berço
da minha espera
que derrubastes Golias e me destes um nome
e  escrevestes meu medo
e eras minha viagem
quando subia  a serra
só pra ouvir o teu espanto

é tão esquisito ficar sem você
o teu segredo sempre foi escassez
e tuas piadas gritantes demais
mas ainda assim eu ali com você
estava nos braços de um pai

e hoje a minha espera é inverno
as ladeiras são tuneis vazios
e já não me refaz teus segredos
nem me aquece tua ausência

posso saber por onde andas?
que espaços frequentas?
ou em que  noites me encontras?

se é que existam ruas
se é que existem saudades
se é que existem noites

até amanhã meu bem
até amanhã
se é que existe amanhã

idilio