terça-feira, 23 de novembro de 2021

Duas

Que dor trago a corroer a minha alegria e juventude

que se esconde nos escombros da minha alma vazia de felicidade?

que fiz por merecer um ocaso assim tão núbio e divorciado da alegria

sem colo e apatrido de amor?

onde dormirá o meu amor desfeito dentro de mim?

nas ruelas do meu passado? 

nem assim pois a íris não visualiza as lembranças vazias 

que esfumaçam a minha alma de escarpo e espinhos

Saudade do futuro? 

seria enlaço e permaneceria descalço de mim

só queria sentar. e olhar bem nos olhos e sentir o amor  no toque

tão cheio de mim que permaneceria criança de tanto amar enfim

só queria deitar no colo

deixar o amor levar 

mas onde o colo e o pranto?

onde a casa e o recanto?

eis que me encanto quando canto

e espanto a solidão em mi

queria flutuante ser 

como um sopro 

ser louco e partir 

porém

não existe partida sem porto de destino e nem caminho sem fim definido

e eis que quedo calado

no mesmo lugar apenas por desejar e não viver neste lugar

que dor trago e me embriago na solidão do amargor que desce na boca

e ainda assim trago

pois me engano imaginando o sabor da dor que estrago 

por não saber deliciar quando trago

que fiz por receber tal mérito 

por ser descrédito nas bocas que ainda balbuciam nódoas sem sentido

por decreto

ser só mas ser eterno

queria

ah! como eu queria

encostra em um peito

sentir o coração de quem ama 

sem despertar lembranças 

eternizar