domingo, 15 de agosto de 2010

homens que amam demais

 

que importa se existe uma mulher morta 

Ou torta atrás da porta do quarto

 

Se existe um par de coxas na minha cama

Que não vi nascer

 

O que importa

A chave da vida nas  mãos embriagadas

De um poeta repentista

Que pensa que poesia é rima

E sequer visualiza

Que poesia é vida

 

O que me importa a sentença nua

A rua que dorme

Pobre menina que vende a vida

Na noite que inventa um sonho

Que inventa uma lua no escuro céu

E diz que é nova

Quando se é ausência

E diz que é cheia

Quando se é nua

 

O que me importa o cheiro de mulher

Em minha barba

Em minha entranha

Se a única caverna que amei

Hoje é tempo distante

 

Mulheres

 

E de todas mulheres que me enganei

De todos os seios que me enamorei

De toda língua que suguei

Vivi como se fosse a única esperança

Como se fosse verso a minha sede

O meu cálice

E bebi  todo o leite

Como se fosse o vinho da vida

 

E amei olhos

E amei bocas

E amei filhos

E amei sonhos

E amei sempre

 

E chorei por mulheres vazias

E fiz derramar lágrimas de mulheres deusas

E depravei damas

E amei mulheres da noite

Me rasguei em cada verso e gozo

 

Enganei

Me enganei

Mas sempre um poeta

Em cada momento da vida, poeta

nomes, núbias, flores,

Verde e rosa

Rosas, marias, abelhas,

Tulipas, patricias, noites, nada, 

Luzes ,estrelas e

Lágrimas, lágrimas, 

Deusas, rainhas

mulheres nuas

bocas

O que me importa a bunda,

A boca que espreme a língua

 

A culpa que anseia pela resposta rápida

Pelo sentir do homem

Pelo sim pelo não

 

Entre uma lágrima e um sorriso.

O que importa ser pai ou mãe

Ser rei ou mendigo

O que importa

 

O que importa
   

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