quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Corpo e alma

Diria que a vida é irrelevante e desinteressante

porém não posso dizê-lo como tenho dito,

pois não nos é dado o controle das emoções,

e sempre que posso desligo a chave dos sentidos

dirias tu. E como é possível esquecer a existência, esquecer o sentido de se aqui está?

Não, eu não poderia responder-te se assim te convém ou me convém, mas posso e digo

tudo é possível, quando se quer é possível, ao menos  o controle diário sobre os sentidos

Mas, existe o medo se tornar-se pedra

é assim mesmo, pedra, sem sentimentos , desligado do mundo

sempre um dia e outro dia, e a espera 

a espera pelo amanhã , mas é a espera pelo amanhã igual.

É assim, a vida pela vida

e toda uma espera, ou na verdade , toda uma vida em espera

E o maior desprezo é a  lágrima petrificada

essa droga que não cai e nem serve sequer pra lavar a alma impura

e a  íris perdida no meio das rochas materializadas pela calcificação da dor

num vai e vem de sentimentos planetários além de ti e de mim, além da carência de tudo

Dirias, dirias, mas também me foge o prazer de dizer-te

e é bem melhor calar e ouvir impropérios e maculas de uma boca vazia

É bem assim, é bem assim, um dia e uma noite e a reclamação constante não e não e não

Tantos livros, tantos tantos e porquês

tantas palavras e nada além de símbolos métricos pra direcionar sentimentos céticos

e o mito do tudo da vida eterna amém

e vens e vais  e a lágrima que não cai

nem para sujar a face nem pra ferir a alma

não cai pois não serve pra nada além de mim

Pessoas impuras , cheias de miasmas e queixas

vazias a cantarolar, a esperar o caminho pro além .

Diria e digo vale a pena tudo isso?

Vale o querer e a  dor ?

Vale o arrependimento estério?

e a música que não toca a alma

e o cinismo métrico essencial à rima e à sobrevivência

a nostalgia que busca a volta mas a espera tenta seguir em frente

e não olhar para o sentido morto

vale a pena

tudo valeu a pena...

 

 

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