segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Ventre livre

Tantos janeiros vividos e sonhados
ainda compositor da vida
buscando atalhos perfeitos
na ilusão de um mundo sem mágoas
em estorno por terras dantes pisadas

sem ser o mais o mesmo
ainda sou quem erra
e espera a volta do novo
ou do ladrão

tenho lágrimas pisadas
e difluais que não merecem a atenção
meu canto é surdo
e ainda na contra-mão

se eu clamar
o que você irá escutar
seria o fim de festa
com meus versos
ou ingratidão

cada peça iludida que encenei
cada culpa que vesti
disfarçadamente escrevi
e o que convém
não senti
só busquei quimeras

desprezo a chegada e a partida
mas ainda assim
prenso o meio dia
e sou apenas um andante
por aqui

mas
enquanto a chama arder
serei tudo
e a lágrima que purifica
encharca a dor do mundo
e irei fundo
no ventre da terra

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