domingo, 18 de agosto de 2013

O amor órfão

o amor tem um percurso duplamente estranho
em um primeiro momento antecipa-se bloqueando a razão
em um segundo momento entende que não se deve subverter a ordem
e procede a uma análise crítica da ilusão de viver o sonho projetado pela sua insânia

Eis que é necessário transformar esse poder desigual
do desprezo da razão e a própria razão maquiada que substitui o platonismo inicial
é necessário construir alternativas para o esquecimento e boicotar o amor
desconstruindo a aspiração e desarmando a resistência
em um confronto do esquecimento
afinal o que vem depois só tem sentido se já estava antes
como as ausências e a convulsão das raízes e opções

é um desperdício reconhecer as diferenças e os mundos desiguais
e sentir o amor como se vírus, excluindo as possibilidades do encanto
permitindo o desencanto disfarçado em apropriação transformadora
e a minha luta incessante gera a indolência
mas reconheço demasiadamente tardio
a minha lembrança está longe de restar perdida.

idilio


2 comentários:

  1. Suas palavras sempre levam às reflexões mais profundas. Perfeitas.

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  2. Ja que e um desperdício então não desperdice....tem livre arbítrio sempre...sempre.

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