Queria falar sobre o amor sacrificial
nada de carnal ou outro vendaval
sim, quando se arranca o coração
e se perde e se encontra longe
assim em qualquer estação
queria cantar o espaço arrancado
torná-lo poesia
torná-lo algo visível ao sacrifício
mas ainda assim
quedo lerdo e sem olhos
para fora
e o que vejo?
queria gritar o vazio que vês
e tão repleto de angústias e medos
mas ainda assim
quero torná-lo poesia
e entendê-lo
pois já não posso mais lê-lo
queria escancarar a minha janela
e compreender o livro que visualizo
em uma iris turva
que me espelho
queria assim
refazer cada pedacinho
cada curva
mas ainda assim tropeço
e já não sinto
já não vejo
o sacrifício
de amar assim
idílio
Suzana:
ResponderExcluir"Como dois e dois são quatro
sei que a vida vale a pena
embora o pão seja caro
e a liberdade pequena
Como teus olhos são claros
e a tua pele, morena
como é azul o oceano
e a lagoa, serena
como um tempo de alegria
por trás do terror me acena
e a noite carrega o dia
no seu colo de açucena" (Ferreira Gullar)