domingo, 14 de dezembro de 2014

Casa Forte

Caminhando na tua praça
parei na tua porta
mergulhei na tua escada
no teu passado

saudade é dor que não se mede
páginas que não se repetem
e então
cadê você?

caminhando na tua praça
voltei ao teu colo
de menina flor
das vozes ôcas
do nosso amor

das promessas
do beletrismo
e do cinismo da descrença
dos incaultos

de loucas trocas
de liras e patricias
da lágrima da incompetência
do beijo da espera

caminhando na tua praça
me perdi no meio do nada
no espaço de toda uma vida
que não construi
e nada
só o vazio dessa estrada
são tantas histórias
que levam ao nada
são tantas mágoas
que o homem busca
e no fim
só resta a praça
nem nome nem nada
só o vazio atras da porta
e a casa vazia

a tua casa alí
na mesma esquina
a igreja
e eu que vejo a tua espera
e a minha chegada
eu que lave a alma
ao te imaginar
perdida
na praça.

idilio



sábado, 15 de novembro de 2014

Teologia da Indiferença

O desprezo do assistencialismo
a vocação natural da passividade e da domesticação
a canalhice do porco e a mão de Alice
a falta do gosto da comprovação e o gozo da hipocrisia
a permeabilidade da teologia e o sonho da mansidão
a preguiça do rebanho e a máscara do pastor para enganar o lobo
e a esterpe da palavra esvaziada de realidade
os cegos e os loucos
a alienação  e a batalha da humanização
a disseminar fantasia estéril e o gosto da comprovação
da invenção da hermeneutica.
a aspiração da eternidade
e o potencial autoritário da responsabilidade
pela desconexão da consciência moral
o caráter manipulador e a indiferença
e eu e tu
alí sentados
a visualizar a fome da multidão

idilio


terça-feira, 9 de setembro de 2014

assim assim

Partindo a noite
andando
dentro de mim
feito língua
que  dança
e gira
dentro do céu

umedeceu
andando
o canto do olho
feito lágrima
que escorre
e grita
e sai de mim

cantou
a voz rouca
que explodiu
feito espasmos
loucos
e por pouco
fiquei em mim

idilio

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Os quereres

Quisera beijar tudo que me alegra
e amar cada gota da minha felicidade
petrificar a lágrima do esquecimento
e ser livre na necessidade de continuar

quisera ser mera comédia escrita
a quatro mãos
e caminhar passo a passo sem espera

quisera esquecer o futuro e amar o passado
como desdita de quem parte
mas viver dia a dia é suficiente
não ser alegre nem triste
apenas poeta

quisera manter-se com a alma jovem
que sonha a alegria da busca infinda
e arranhar o corpo languido nas pedras
da procura

quisera acordar e ser milhões
e sorrir em busca da esperança

quisera
quisera

saudades

Saudade não é desejo
saudade é espaço
preenchido no passado

e de tão completo que ficou
que nada substitui a dor
de contemplar o medo de voltar

depois das histórias vividas
saudade passa a ser distancia
efêmera que não se toca com as mãos
mas que se sente com o coração

saudade é espaço
preenchido no passado
e que a alma insana
não por desejo de voltas
mas por nostalgia
revive sem desejo da volta

saudade machuca
mas retorna o espirito cativo
da vida vivida com intensidade
de um poeta que espera
a utopia do horizonte
do ontem

saudade tem nome
tem sobrenomes que esconde
o segredo da felicidade vitalicia
de ter passado
e uma janela
na volta da lembrança
do amor de uma amizade
que superou o nexo
do plexo  e do complexo
binal de ser homem e mulher

saudade é espaço
preenchido no passado.

idilio

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Rosa Flor de Oliveira


Teu sorriso morto
e esse corpo de menina flor
e o prazer que escondes atrás do vestido

a flor que exala desejo
e o beija flor atrevido
relembra teu grito atrevido
anjo do gosto da lira da tarde

teu sorriso morto
e esse gosto de menina flor
e o prazer que explode
atrás da língua

a flor que embalas
entre as tardes e lírios
e o beijo na orquídea pequenina
relembra o mínimo infinito

Rosa flor de oliveira

quarta-feira, 11 de junho de 2014

amores da rua

Amores a esmo
externos e mais eternos
que outros amores
secretos

amores reféns
tão curtos
que vivem aquém
do medo
de se eternizarem
no além

amor que vai
amor que não parte
amor que vem
amores
que descansam
que espantam
e encantam
quando vem

 idilio

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Vida breve

A tua presença faz
Olvidar quem sou
desejando sugar teu cheiro
para dentro
em mim
como se fosse  alma
a vivificar um templo
morto

Sentir teu gosto
em um átimo
foi prazer divino
mesmo que proibido
o tempo da volta
mesmo que unilateral
o lábio que beija o púlpito
do teu consentimento

desejo sim
mas que tempos
que costumes
eles amam
nós
desejamos

 idilio

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Ausente



Como externar o que se sente
se às vezes a verdade mente
e de tanto que se sente
que por palavras não se ressente
o que se mente

Por vezes
e direi apenas para os que sentem
é bem mais suave ser ausente

como viver  e não ser alegre
nem triste
ser apenas demente
refém mas nunca descrente

Por vezes
e direi apenas uma vez
ausente

idilio

segunda-feira, 24 de março de 2014

quimeras

estou eu a te olhar
e te ver chegar é tão seguro
que esqueço que vejo o passado
por entre sonhos e fados

o beijo que te dei
foi tão real
que senti medo
em teu olhar

e eis que esqueço
mais uma vez
que foi só a volta
pro passado
de uma mente
que sente a ausência
do  cheiro
que tua espera exala

fecho meu espaço
e hodiernamente escapo
pros teus braços
meu tudo
meu colo
meu cansaço

terça-feira, 11 de março de 2014

Ladeiras


Terezas
ladeiras e músicas
lagoas pequeninas
lagoinhas
e tua boca nua
Suzana e ruas
pra se namorar no trigo de um rei
nada já que na lua não há mar
e um grande bem e um violão
um beijo
pai e mãe
e uma morena do cor do Brasil
e uma dor de uma ilha pernambucana
de um lábio com gosto de céu
cá entre estou em um dia de abril
oito rosas marias
um dia de sol em minha vida
e quem fugiu ressurgiu
numa noite de verão
em qualquer São João
com salsa e manbo
luz do mar e lucila de varoniladeus
de mais e mais eloy baby
ioná a dama do mar
e fugiu pro mato
lá além do ororubá
mas rosa maria é o meu grande bem
alma gêmea que ruiu
jogos de amar
carícias
e o meu mundo num vai e vem
Waine o amor que giga nunca sentiu igual
talvez uma luz se abrirá
talvez a índia que Paula bela
rua me deu
em amores ilhas e quintais
jovens demais
flores de lácio núbias e jane las
carmins
pesqueiras
ladeiras
ladeiras

O invisível de nós dois


a espera longa maculou o sonho
teu sorriso e a minha alegria
não pude te reter nos lábios e braços
mas
ainda assim
não fui infeliz
e não haverá respostas
na porta para o universo
nem em meus versos
mas ainda assim
o nosso amor vai além do efêmero
e existiu
o tempo suficiente para ser feliz
digo te
amor
continuo amando
o invisível de nós dois

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A dor que não se mede

Qual a medida de uma vida?
um segundo
tudo termina
qual o valor do viver?
um segundo
toda uma vida
em outro rumo

Qual Senhor
o tempo de uma vida?
um segundo
um outro mundo

Toda a construção rui
todos os planos
todos os segredos
toda dor
em um segundo

Qual o termo de uma vida?
Senhor do Universo
Qual a vida que escolhestes
para Teus filhos

em um segundo
se é tão sutil
mas  é eterno
aquele átimo
da dor que não se mede

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

TERNURA




Descanso da paixão
porto
solidão
colo dos amores
espaço
refrão

silêncio dos espasmos
espera
reflexão
boca da lira
espaço
refrão

memória dos amantes
procura
questão
desejo insano
espaço
refrão

prazer depois do prazer
gosto
paixão
colo dos amores
espaço
questão

idilio




quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Meu Tempo superficial

Escrever  é uma questão de procura
e existe um tempo superficial nesta busca
que torna a alma pobre na cobiça e não reduz as posses
mas limita o desejo sano das descobertas
Esse vazio das certezas deprime a sentinela
e não existe ternura no descanso da espera
apenas se angustia a ansiedade pelo fim da responsabilidade
e o novo saber  não repara o medo da próxima hora


idilio





terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Rosas





Rosas amareladas
ainda são rosas
e exalam mansidão
de quem não viveu em vão

Rosas com pétalas toscas
são belas quando caem nas docas
pois renascem
para outras histórias

Rosas pintadas nas faces
de outras rosas
são rosas que enroscam
beijando-me a face

Rosas por que partes
sem rosas ?
por que não esperas
uma nova aurora
e descansas no colo
de Teodora ?

Rosas amareladas
descalças na serra
sem caule despétalas
mas voltas para o jardim
do Senhor

Rosa
eis que tu flores nos jardins
que desenhastes por aqui
deixastes teu cheiro
e o teu riso sem fim


para Tia Rosa que agora perfume outro jardim


idílio

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Eikhah

Como está ocaso o  mundo
antes esplendor da luz fusca
repleta de lírios e fadas
tornou-se vassalo entre províncias
mescladas de descaso
e sepulturas

Chora
no exílio minhálma
em fuga da opressão
sem portões e sem descanso
incapaz de encontrar arrimo
nem riso dos faustos
que em tempos antigos
honravam o que hoje desprezam
pois carregam impurezas em suas saias

todo  o corpo geme
e da íris vertem lágrimas de solidão
e o coração
arcaboiço da doçura
convulsiona-se dentro do peito nu
e meus gemidos são mudos

tu chamaste e meus terrores
jazem espalhados em cada esquina
como língua que se levantam
sem princípios seguem
e suas peles enrugam-se sobre a pele
mas caminham vestindo púrpura

os mortos espalham justiça
com suas mãos compassivas
esmagam o próprio peito
como se tivessem sido perfurados
pela espada de Naim
ungidos sob a proteção da Nação

Nós suportamos o peso da culpa
somos governados por escravos
e cauterizamos a nossa fome por justiça
e a alegria desaparece
como a juventude escapa em féretro
das mãos impuras  dos insanos


inútil
inútil


idílio


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Pétalas

Anjo do norte
Rosas amarelas
orquídeas da serra
Pétalas

Menina flor
cheiro virgem
de verdes almas
da rosa pequenina
esquinas da dor

Anjo da serra
flor que exala bruma
que encanta a pedra
e despenca pétalas
por entre dedos e línguas
rosas amarelas

anjo do norte
esquinas da dor
rosa pequenina
pétalas

idilio

Sou o que Sou

Aborrece-me o ódio consumado
não poderia crer em inimigos de fato
todos os meus caminhos
enquadram o meu andar
e lá está o mais profundo abismo
de onde me ausentarei
se tomo as asas da alvorada

Ergo a minha voz
e derramo bálsamo sobre queixas
e dentro de mim
quedam as armadilhas ocultas
da terra dos viventes

Levanto as mãos
e o meu coração se vê turbado
em uma terra sedenta
que me esconde a face
e como a sombra que passa
disperso a mentira
do poder dos estranhos

e meu lamento
divulga as faces notórias da maldade
e invoco a vontade dos que temem
e dos que esperam
e destrancam as portas das fronteiras
que fazem de mim
uma nação

idilio