terça-feira, 30 de abril de 2013

PERTINHO DO MEL

vem
deita aqui
sou tua
beija aqui
pertinho do mel

vem
e joga o gosto de tudo
na minha boca

sou tua
morde aqui
bem perto do fim

morde em mim
enfim

sou tua
lua nua
tua espera

vem
mas feche a porta
que enrosca em ti

sou tua
lua nua
que grita em ti
sou tua volta
mas
não espera
morde em mim

sou tua voz
chora em mim

machuca
mas não chuta
só gosta em mim

sou tua
beija aqui
bem perto do fim

sou gruta e espaço
que espera por ti
vem
deita
bem aqui
deixa a rua molhada
mas fecha a porta
que enrosca em ti
vem

FERA

o meu amor é descanso
é meu
mas não se resume em mim

nasce aqui
mas se derrama
pelas fendas do mundo

o meu amor é tudo
mas se divide
pelas ruas dos amores
é silencio quando espera
mas verbera
quando chega
e explode
pelas teias que enreda

o meu amor é frágil
eis que despedaça
e por vezes quebra
mas que
rasga a carne
e às vezes é fera
quando em pedaços
dilacera

PERDOAR

Perdoar a quem perdeu
sou eu
sou eu

perdoar a quem sofreu
e eu
e eu

perdoar
mesmo que o depois
seja o único motivo
para chorar

mesmo que amar
seja descansar
e meu
e teu
despertar

perdoar
e rasgar o ninho
da espera

amar
amar

distrair a solidão
da calma
da alma vazia
de amar
amar

perdoar
e de repente
tudo volta pro lugar
que se perdeu
o meu
o teu
e eu
e eu

sábado, 6 de abril de 2013

DEPOIS DO ANTES

quero dançar com você
depois do antes
e acordar no antes
pelo prazer do depois

te espero e te quero
como se ama o que sempre foi
mesmo depois do depois
pois que é eterno
enquanto chama
pois que é infinito
eis que renasce
toda manhã
enquanto queima
e ainda que esquecido
arde sozinho
para renascer no depois

quero esse querer
mesmo que não queiras
querer-me
pois se é leve
eis que flutua
pelo espaço que há
entre o depois e o antes
de nós dois

e depois de você
pra que
pra que