sábado, 27 de outubro de 2012

Deus

Teus impulsos e meus pecados
minha desdita e Tuas promessas
Teus planos e minha história
minhas lágrimas e Teu jejum de Pai
meu desespero e Tua espera
minha súplica e Teu descaso

serei eu pedinte e Tu ouvinte ?
ou És esbolço e eu fumaça
És soberano ou fado ?
pois sou tristeza que se renova
e ainda assim não me deletas

então És dúvidas e eu solidão
porque flutuas em meu espaço
serei vazio sem teu Espírito
ou apenas riso
na boca dos faustos

ainda assimserei dependente
serei crente na minha escolha
e mesmo que morra sem meu espaço
serei fiel serventuário
e direi que Deus é para os fracos
não para os falsos intinerários





terça-feira, 23 de outubro de 2012

imperfeição

o canto e o meu espanto
o olhar que volta e o pranto
que por ser espera é recanto
que por ser saudade
pode ser santo
pode ser encanto pode escorrer
pode ser entrondo
ainda que sozinho
é manso
ainda que único
inunda
ainda que distante
alimenta
ainda que mudo
fenece a garganta
e estremece o típano
do surdo
o canto e o meu espanto
o olhar na porta do pranto
que por ser canto espera
que por ser volta
pode ser puro
ainda que sujo
é único
ainda que distante
alimenta
ainda que dúvida
abala a certeza
do amanhã


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

o amor em tempo real

os amores tornam-se dependentes das necessidades
de reter o ser amado  no plano do olhar
a intensidade dessa necessidade
cresce com o número de incertezas incorporadas no olhar
quanto mais o manuseio das incertezas
exigir o toque
os amores anseiam por um poder perpetuador
do amor
e na incerteza da eternidade
o medo se instala e procura entender a si mesmo
como fonte suprema do mistério de amar
e admitir que amor define espaços
e delimita a razão
é o exercício definidor que traça fronteiras
entre um novo e um velho amor
e nesse processo de descoberta da razão
negligencia-se as relações de afeto
que por descaso
torna-se enfado e confrontação
e quem não se despoja das ilusões do conformismo
diante do amor em tempo real

idilio

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

escombros

preciso jogar os escombros
nunca mais lágrimas que se vão
jardins
tardes de verão
preciso seguir sem nãos
mas te quero demais
perdi o medo de te querer
mesmo sabendo
que não foram tardes perdidas
e o fruto dividido em nós?
mesmo sabendo que não é possível
voltar a tardes perdidas
o que importa
é nosso rio antigo
mas e você o que faz
quando por vezes
pensa em mim

a porta

o vidro embassa
a noite passa
o grito engasga
o suor descalça
o lábio implora
a porta destroça
o gosto que vem
as mãos  se enroscam
o rosto na porta
a lingua que suga
a flor que encanta
o medo da volta
a casa escura
a rua morta
a porta
a porta
o olhar que derrama
o drama da dama
a explosão que cala
a nudez da escosta
a porta
a porta
o penetrar do espanto
o canto e o gemer surdo
do pranto
o uivo no escuro
o pulo
e a porta torta
do descuido

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Learh

já te pedi pra não me olhar com olhos de promessas
nem para canonizar meu querer em teu altar
mesmo que as bocas alimentem o corpo nu
a alma permanece vazia se não estais no fim da tarde a me esperar

já te implorei para não depositar a lembrança na porta da frente
sei que a  casa não está  vazia pra me esperar
nem no final da noite vais estar lá
sentada na sala escura pra me abraçar


já  te implorei
vem pra cá!!
mas sei que foi outra história que escorreu
naquele lugar
foi duas sementes que se escondem
pra não entortar o dia
mesmo que alimentem
bocas vazias
como a rapinar o amor que devia estar lá

já te implorei  pra não despertar o sonho
basta olhar a tarde
no final do dia  e sentar  no colo
da noite que espia
como a duvidar
que é falso o sol que vai deitar
ou será falso o olhar do dia
que estar por findar