segunda-feira, 28 de maio de 2012

apetite voraz

Tenho sede de corpo do vazio no escuro
da boca que louca
geme
na hora do salto

tenho fome da voz
da pele úmida
que exala teu cheiro
e um apetite voraz
pra devorar lentamente
cada ponto de nós

tenho desejos insanos
pensamentos profanos
e um apetite voraz
de morder cada palavra
que a tua lingua  derrama
 
tenho sede insaciável
de sugar cada gota
que escorrega em  nós
e devorar lentamente
com apetite voraz

idilio



quinta-feira, 24 de maio de 2012

MENTIRAS

mentiras que retratam gostos
que fecham a porta e que se derramam
como lágrimas
e saem pela boca sem palavras

mentiras que eternizam a alma
e deixam rastros na nossa história
e misturam sentimentos como tintas
e pintam os restos de nós

mentiras que anseio dia a dia
sussurradas  pelas linguas
e lavadas pelo corpo como imas vivas
que escorrem pelas pernas

mentiras pelos olhos
amores tropegos
vidas vazias
mentiras  que anseio
todo dia

idilio

terça-feira, 22 de maio de 2012

anjo




que lençóis brancos você deita?
as águas correram turbulentas
porque não viestes mais cedo?
e porque me arrastas com o teu poder
para os campos de Boaz?
também não trago no coração
as esperanças da rega
o  rumorejar do vento taduz meu pranto
mas não há desolação
não vês que tenho as mãos vazias?
em que furna da minha alma teriam sumido
os mistérios da lagoa da nossa alegria e juventude?
vê! anjo
neste instante de submissão ao fascinio dos teus lábios
o nosso passado renasce das minhas cinzas
quando voas entre as minhas lágrimas de saudade
quando penetras meu quarto e deitas ao meu lado
quando a flor tatuada em tua alma
umidesse teu corpo mortal
e clamas enttrementes por mim
meu anjo azul

idilio

quarta-feira, 16 de maio de 2012

AS RUÍNAS DA JUSTIÇA





Entre as ruínas que se escondem atrás das fachadas
podem presentir-se a turbulência dos que tentam maquiar a face oculta do medo.

Vivemos pois um tempo de insegurança em intervalos de tempo de preparação.

O problema mais intrigante que a juatiça hoje enfrenta
pode assim ser formulado:
vivemos em um mundo onde se há tanto para amar
que tornou-se difícil doar o que mais se tem pra dar

Não parece que faltem no mundo de hoje
situações ou condições que nos suscitem desconforto ou indgnação
e nos produz inconformismo.

Basta voltar os olhos
em um mundo de uma justiça pendente e direcionada
por mãos sujas de iniquidade e avareza.

No que respeita à promessa da legalidade
ou da hermeneutica sem desvios
tão eloquente,
as violações da moralidade assumem proporções avassaladoras.

Finalmente
um julgamento justo tornou-se uma cruel miragem nos sepulcros caiados da justiça.
A fé essa enumeração breve da certeza
torna-se parcial
 
em um desconforto ou indgnação suficiente
para nos obrigar a orar aos céus
 
Senhor do Universo
permita-nos sermos justos
e viver em  honestidade
ainda que a sombra da morte
seja suficientemente presente
ainda que a ferrugem  transforme em pó
a moralidade
ainda que a corrupção se torne banal
não permita Senhor
que o homem sinta vergonha
da honestidade
 
idílio
 
um pouco de segurança em nossas vidas.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

a ilha do dia anterior



vivi assim
na ilha
amei frases e olhares mudos
toquei teu corpo
minudentemente

vivi assim na ilha
impunimente
vesti tua iris com o meu fado
misturei as nossas tintas
no teu vestido

vivi assim na ilha
prudentemente
extrai do teu seio fragmentos do meu tempo
e que tempo amei teu viço agreste

vivi assim na ilha
e por vezes
sutil
fujo de mim
e me encontro
na ilha da nossa saudade

idilio

sábado, 5 de maio de 2012

negros olhos

os olhos
negros olhos que não perderam a profundidade noturna
um instante de fragmentos do meu tempo
e o meu amor que deixei atrás da porta

a fúria animal dos teus olhos que me devoravam
com sofreguidão de um fauno
depois da noite em que voltava pros teus braços

se errei não me justifico
as palavras podem enlear-nos em sua rede
e o tatalar de uma palavra em teus lábios
pode despertar minh'alma

e o sonho pode ser veneno que enfeitiça os goyin
e podem ser chamas em línguas que cantam
e por frágil podem iludir além do meu sonho
e podem lançar chamas sem sentido

idilio


resposta a resposta do tempo

no fundo sou uma eterna criança
que não soube amadurecer
vivo à margem do tempo
calado e não sei passar

recordo um amor que perdi
que me aprisiona e não desperto
e dia a dia morro de amor
pra tentar reviver


e nem sei me esquecer
e meu tempo se esvai
e no fundo não se tem mais tempo
de se amar eternamente

e quem vai poder me esquecer ?


idilio inspirado na resposta ao tempo

terça-feira, 1 de maio de 2012

Zoé

por onde andas
porque não me sugas a vida pelos lábios
não vês que os olhos não penetram no meu corpo
apenas embriagam por um instante o meu coração

e como pode um instante ser longo assim
como pode a minha agonia ser asim tão lúcida
se já não falas mais
nem mentes pra mim

por acaso ouvirás o que digo?
o amor não é silêncio
estarei delirando ou tudo isso é real?

não sentes que deliro
e que meu dia é pesadelo e a noite sonho
ouço ruídos dentro de mim
estertores e gemidos
e ainda assim cada átimo de lembrança
é uma vergastada eufórica e enfadonha

Por onde andas Zoé
se em meu instante tu não mais estais
e ouso queixar-me
porque levastes a chave de mim?

meu pranto é triste e rude
pois me olhastes nos olhos
hoje
o meu amor é escárnio
e a minha esperança opróbio

caminho entrementes perdido
sinto a ausência imaculada do beijo
sinto o toque da carícia plena da voz
sinto a lágrima que espera
o tempo certo da volta

sinto Zoé
hoje apenas sinto
e sou um poço de solidão
em réplica antecipada do amor que vivi

Por onde andas...

idílio