quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

restos de nós

cada carícia
cada toque não foi em vão
foi o eternizar da tarde
entre o teu vestido e a minha mão

cada pedaço rasgado
pela mão do tempo
cada lágrima esquecida
pela despedida sem adeus

cada não
cada sim
cada grito e os olhos mortos
e a espera pelo segundo

cada boca que morde a esperança
cada reencontro sem teu cheiro
cada anjo
cada azul
cada um na sua história

ainda volto às tardes
ainda volto ao teu corpo
ainda vivo
pensando em ti

e te digo
sinceramente
porque insistes no amor assim
quando toda volta desperta
a dor de caminhos opostos
quando toda volta  desperta a nostalgia
de não se ter vivido
o caminho querido
mas perdido

cada pedaço
são restos
e de restos não se sonha
nem se dorme
apenas se chora

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

o romantismo dos Direitos humanos na pespectiva do econômico

Observo ainda perplexo a forma utilizada pelos países do norte quando buscam sinonimar direitos humanos com emancipação social.
Na verdade essa busca tende a frear e até mesmo a fazer esquecer pelo excesso de informações, o arbítrio e o desprezo pelos humanos direitos.
Entendo que os países do sul devem reinventar a linguagem da emancipação, e escandalizar a desordem do desprezo, numa busca de conhecimento real das gerações de direitos humanos, enfatizando os direitos econômicos, norte garantidor dos direitos humanos.
Nesta ordem de idéias, imputar a inclusão social pelo conhecimento do potencial econômico como cultura de emancipação.
Para mim, os explorados vivem um outro processo sem resistência nas arenas de interação transnacional, e é sabido que os direitos humanos não são universais na sua aplicação e sim na sua poesia.
É de fácil observação que os direitos humanos estão a serviço dos interesses econômicos dos estados capitalistas.
A minha proposta é de reinventar os direitos humanos em uma perpectiva multicultural, libertadora do oprimido. Desmembrar a poesia, o romantismo dos direitos humanos em um caminho da aplicação do direito econômico libertador.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

a voz do amor

eu te amo
não esqueças de dizer
eu te amo

eu te amo
diga com a língua
com os olhos
diga com a alma

permita-te dizer
eu te amo
sempre te amo

diga
eu te amo
não deixes tu
de dizer
eu te amo

o tempo não tem tempo e não te espera
e quando ele leva
pra longe de ti
o teu amor

quando ele calar e fechar os ouvidos
do teu  amor
ai! sim!
não será mais tempo de dizer
eu te amo

e a mágoa vai calcificar tua dor
pelo simples calar
eu te amo

diga
eu te amo
eu te imploro
permitas que os meus olhos
escute

eu te amo
eu te amo

e quando
nem eu nem tu
estivermos mais aqui
ainda assim
ecoará em meu espirito
a tua voz me dizendo assim

eu te amo

oração do esquecimento

a alma insana martirizada pela emoção
olvida o tempo e o espaço e como em um látego mudo
grita ao coração inflamado pela dor
e o corpo padece como em uma queda

oh! criador supremo perdoa tanta mágoa
não permitas que o infeliz de Aqueronte
se envaideça pela macula da alma embriagada pela chama da emoção ferida
pelo contrário apazigua a dor e como a Mãe dos desgraçados põe em teu colo
tua filha amada, e embala o seu peito magoado e permitas que ela durma
o sono dos justos

o olho mudo

todo homem vive a sua espera
o caminho para a estagnação é dolorido
mas é essa estrada a alegria suprema
o porto de parada não tem sabor
não tem nada
só um velho barco parado
para romantizar a chegada

a escuridão não tem porta
a alegria perdida não volta
a mágoa é o descarinho da servidão
é a ingratidão da espera
e nessa tarde dos anos
o homem espera o novo amanhecer

poderia prescultar o olho que tudo vê
e depositar a esperança na trilogia do amor
religar a alma e escalar a vida novamente
como um álibe do esquecimento
mas o olho mudo lacrimeja
a falta de opção

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Jesus

a minha sensibilidade anseia pela tua presença aqui ao meu lado
a minha dor pela dor do mundo chora e  clama a ti alívio e resignação
a minha lágrima que esconde fria o meu medo reflete em ti o consolo supremo
a minha calma e a sede de mim em mim olvida o teu amor real e o teu colo
deitar-me perante ti e deixar a vida escorrer sobre tuas vestes
entregar-me a ti como em um mergulho no infinito e esquecer quem sou para ser humano demais
dizer que te amo e que não tenho passado apenas preciso de ti como fonte da paz que anseio
dizer que te amo e que espero por ti como meu corpo e meu templo
me derramar em tuas vestes e libertar a minh'alma do corpo que dói em mim e me prende longe de ti
a minha sensibilidade anseia pela tua presença aqui ao meu lado

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

revisitação do esquecimento

Se eu falasse diretamente sobre a relação de sedução que me encaminha até aqui para escrever, certamente não passaria de uma ofensa a minha dor, vez que estaria a cognomina-la de sedução. Ademais dor não seria o termo real para o inconformismo do anonimato.
Mas, apesar da semiologia situada nessa ambivalência, melhor entendi a necessidade do isolamento e estou a crer que a minha condição poética é o caminho da simplificação ou da ruptura com a ruptura para a compreensão do desamor da ingratidão, o que não implica deixar meus sonhos e meus desejos ou a minha estranha agonia de dependência do outro.
Essa diferenciação desigual que diz respeito as decisões e suas consequencias é que me faz ficar inercial no espaço sem buscar nada, e de resto, muitos caminhos não percorridos, muitos sonhos abortados pela falta de capacidade de seguir em frente.
Não falo da diferença de amor para justificar a desigualdade do desamor, busco erradicar a convivência fraternal de um homem e uma mulher quando se espera o amor pleno.
O caminho faz-se a andar, mas o que fascina na caminhada não é a paisagem nem a poesia do tempo, e sim o olhar pelno ao infinito de quem caminha ao teu lado, a admiração do justo, o conflito de quereres, nunca a plenitude da solidão ou a mais bela paisagem sem a comtemplação de nós, não existirá nada sobre nós sem nós, e sozinho toda alegria é triste.
Recoloco assim a possibilidade de reencontros e assim a minha busca se desenha mesmo quando a razão não consente o meu desejo, mas meu corpo não suporta mais a inércia do desprezo ou da indiferença.

  

domingo, 2 de janeiro de 2011

a precipitação pela perda

na minha precipitação pela perda
ainda no seu berço e esplendor
deixei fluir pela porta aberta
a intensidade de um amor
que seria vulgar não fosse efêmero
que seria amada não fossem os olhos que dormem
e na renúncia não restou  o adormecer
intensificou  o eternizar

Zara Feus

Núbia

a flor núbia
amantes de outra lua
e fecho a porta da alma
nada a dizer-te
e volto a tua calçada
e uma mágoa entoa o canto da vida
sem lágrimas para carpir  tua desdita
não vislumbro na ciranda
tua dança
mas ouso trucidar a hidra de lerna
e vencer o tempo
permanecer no mesmo céu
e não mais sentir o quanto é triste e funério
o agonizar do dia
nas tardes entre o ocaso e as trevas
o nosso sonho é fênix
alada vida
Deus não nos pune e sim abona o nosso descaminho
e entre reencontros fortuitos mantém infido o nosso idílio
como dois destinos em direção ao infinito
nunca juntos
nunca separados
sabeis que o encanto é tão efêmero nobre dama
que entre nove ou quinze
duas almas amantes
dois corpos continuam vivos
com espíritos ausentes
duas estrelas que distantes se confundem em um eterno ósculo
e uma imagem candida em um sorriso juvenil
de quem traz de longe um beijo eternizado nas estrelas
em uma flor de lácio estremamente bela

idilio araujo

sábado, 1 de janeiro de 2011

a profunda desigualdade das oportunidades

a duração indefinida da viagem
a profunda corrupção nos poderes constituidos
e o desconhecimento das leis do labirinto
em uma tolerancia à fragmentação do público
permite a desconfiança horizontal  e invísível
do leilão milionário dos cargos e empregos público

O amigo global em uma desigualdade graciosa
a ascenção  e o abandono da comunidade de pertencimento
o parente mesmo que distante, mas sobretudo e além do moral
o aliado político e na politicagem do melhor "curriculum"
o da indicação líquida da profunda desigualdade das oportunidades
pois que um é o semeador e o outro o ceifeiro
um o tolo o outro o lobo

idilio

a velhice

No entardecer da vida
agente  volta a se apaixonar
evidente e prudentemente
a paixão é por nós
pela sabeoria que materializamos
mês a mês
como gotas eternas