sexta-feira, 29 de julho de 2011

as implicações do amor

não tenho dúvidas de que o amor
considerada-se  algo maior para quem o padece
qualquer que seja a forma e a magnitude do amor
seja eros, agape, fraternal
sempre e sempre será um sofrimento atemporal
por vezes entorpece a ponto de satisfazer o moral
do extase, da lascívia que vicia
e por vezes de tão irracional se divide
entre a culpa e a pena que se cumpre com a privação mesma do amor
a carência do bem que o amor fornece não tem razão de fazer-se mal
porque de outro modo haveria de se dizer
que as coisas que de amor  existem são males queridos
não
não tenho dúvidas de que o amor é vício e por consequência
traz potencialmente uma pena no seu nascer.

Idílio

domingo, 17 de julho de 2011

A DOR QUE CALA

( a profunda desigualdade social )

Estou aqui sentado olhando as crianças a brincar e eu sonhando.

Evidente que meu sonho é alado, que viajo além do céu e mar.

Os meus pés descalços me permite sentir o gosto do asfalto molhado.

As crianças que correm à minha frente não são mais felizes que eu, o nosso céu é o mesmo,

Só me pergunto se Deus realmente mora por lá, se existem crianças que choram por lá, pois que se Deus mora lá, não existem lágrimas pra se chorar.

Eu descobri nessa minha aventura de ser criança, que as pessoas passam por mim, mas eu não estou lá.

Acho misterioso esse vai e vem de gente, e eu aqui sentada, admirando essa correria, não fossem as dores que sinto quando às vezes choro, até que me sentiria feliz , pois nem sei se sou diferente.

Eu sinceramente às vezes durmo. Se sonho, talvez, mas sempre sonho no inverno . Você imagina como é sonhar no inverno?

É um sono molhado e frio, mas é um sonho.

Ainda hoje imaginei como aqui é maravilhoso, posso sentir a chuva, posso me sentir bem perto do Criador, enquanto você se aquece em suas casas de dores amargas, enquanto comes, mas porém sem sentir o sabor de agradecer a Deus pela fartura, eu aqui sinto o frescor da manhã e me perco na fartura de minha soberania em não ter que escolher o que farei do meu dejejum.

Evidente que choro, por vezes, mas a chuva teima em cair em cima de minha cabeça como perfume que desce sobre o meu vestido, mas esse frio me permite saborear as lágrimas que caem da minha face esquecida, não por Deus, mas pelo homem que dita os mandamentos, que veste a sua túnica mais imponente e vai hoje à noite em sua igreja, Orar.

Ah!

Não existem mágoas pra se chorar,

Tudo é tão efêmero, mesmo esse frio, amanhã o sol teimará em desfechar as nuvens que migram lágrimas das crianças perdidas.

Meu coração é alado, meu fim um fado, mas o que teima em não me deixar, é esse vazio dentro de mim, talvez isso me deixe fraco e pedinte, talvez esse cheiro forte de desolação amaina a minha fome.

Poderia você homem de Deus, poderia você me condenar ao inferno dantiano, apenas por não conhecer o caminho , não conhecer a verdade, pois que não tenho vida?

Estou aqui sentado olhando as crianças a brincar com suas roupas quentes e com sorrisos largos, com seus pais e com suas vidas , e eu aqui sonhando sozinha me pergunto, Deus está lá ou aqui bem perto de mim.

Idílio Araújo

Quisera

Quisera


senta aqui ao meu lado

quisera ouvir estrelas contigo

ou recomeçar o meu início

uma vida longe e tudo que aprendi

sem nomes

sem passado

mas reconhecendo as estrelas

ao teu lado



tudo está consumado

mas

quisera esquecer a minha rua

e seguir em uma estrada sem marcas

sem histórias de recomeço



senta aqui ao meu lado

vamos namorar as estrelas

apenas o teu colo

e o meu espaço

quisera não magoar o passado

e seguir sem lágrimas na boca que fica



vou deitar e seguir sonhando

irei beijar estrelas e se acaso

meu pranto cair

fui eu que decidi

continuar amando estrelas

Idílio Araújo

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Cactus

Cactus




Uma mulher, aproximadamente 50 anos, longos cabelos, olhar penetrante; um homem , cabelos em desalinho, com aspecto cigano. Ambos, convenceram, as crianças a entrarem na casa dos seres pequeninos em desenvolvimento.

Ao se instalarem, assumiram o controle da situação, a partir de então assenhoraram-se do lugar.

Magnetizaram a casa de forma que o meu aceso estava obstruído por forças disformes mas invisíveis.

Evidentemente fiquei preocupado, com as crianças e sobretudo pela ausência,minha, do controle da situação.

Cedi aos interesses do casal, fui submetido a passes que impediram a projeção de preces e pedidos telepáticos de ajuda aos seres superiores.

Estava prisioneiro em mim, em minha própria casa e no meu corpo físico, não mais podia me comunicar com meu guia e amigo, não me era possível projetar fluídos para serem captados por seres invisíveis.

É possível que apesar de isolado pela minha própria vontade, apesar do vício inicial, o meu conhecimento sobre energias e materializações ideoplásticas não sofreu alteração.

Inicialmente me submeti aos caprichos do casal, no entanto visualizava e emitia vibrações para queimar a densidade no local, e a submissão envolta em lágrimas de surpresa pelo tratamento dispensado a seres que não entendem os motivos de sua desdita ameniza o ódio e cativa o algoz.

Em determinado momento perqueri a mulher:

_ Porque me persegues?

Eis que a alma aflita me responde quase que em um átimo:

_ Não, não te persigo, nem quero teu mal, apenas estamos fugindo e foi aqui que encontramos abrigo, em teu lar.

Eis os caminhos, nem sempre as circunstâncias contrárias tendem a desviar rotas e caminhos, por vezes são o caminho, do aprendizado.

Compreendi a necessidade premente de ajudar aquele casal , que de algoz traduziu a vítima.

Irrompi o magnetismo que impedia a minha comunicação com meus guias, não sem antes comprometer-me em ajudar.

Fui orientado a encaminhar o casal para a colônia Cactus, uma colônia em construção nas proximidades de uma rodovia em que tem em sua entrada, um cactus enorme e ao seu derredor uma área desmatada em círculo de aproximadamente cem metros e logo em seguida uma mata fechada. Entendi que a colônia está sendo erguida ao derredor deste Cactus, e lá será um lugar de proteção aos espíritos perdidos e perseguidos por falanges inferiores. O Cactus forma uma longa aura que inibe emanações de espíritos inferiores, não será possível captação energética ao derredor desta aura, e ali os seres em débito poderão recuperar as forças para a luta da volta.

idilio

Juburubará

Juburubará




Luã

Luã

Vais nascer o filho de Tupã



Os índios batem palmas

E lançam o seu colar



Luã

Luã

Vai nascer o filho de Tupã



Os caboclos cantam na mata

E os índios Tupinanbás

Dançam no seu Conga



Juburubará

Juburubará

Baraburu

Burubará

Idílio. 16.12.04

se amunser

Se amunser


Me encontrava em uma escuridão molhada, sabia estava ali com um fim, buscar uma criança.

Caminhava entrementes mas não perdido, ao chegar em uma pequena aldeia, nada visualizei, apenas casas mal formadas, ruas descalças, e um ser deformado começou a me seguir. Eu sabia que ele empreitava e atacaria com fúria em algum momento, então me armei com algo que visualizei na estrada e investi contra aquele ser das sombras que caiu e foi esmagado por mim, no entanto , outro ser já estava a espreita com forma de animal feroz investiu e fugi, chegando a volitar

Consegui resgatar a criança que se encontrava inerte, quase sem vida, imantada por uma energia que me fez tremer.

Sabia que necessitava encontrar um mago para salvar a criança, cheguei em uma outra aldeia.

A aldeia era fria, casas da idade média, sem luxos, sem saneamento básico, mas ali morava o velho mago.

Cheguei à sua casa com a criança no colo, aquela criança me era muito querida, estava preocupado com a sua saúde e seu estado deplorável.

Implorei aquela velha senhora, que me levasse ao mago, mas ela me dizia que naquela aldeia não existia um mago, mas se......

Pensou ela em voz alta, e chamou por alguém.

Na porta da casa apareceu um senhor, nu, velho, com inchaços pelas juntas do corpo, de uma brancura doente, mas observei que a sua nudez era natural e ele quase não tinha genitália.

Entrou, me cumprimentou.

Doutor...

Fiquei surpreso, como ele me conhecia???

Olhou para a criança e disse que iria tirar a magia que colocaram nele.

Sentou em um canto, pegou uma toalha, ou um pano, e começou a esfregar a mesma olhando para a criança que jazia em um canto, se amunser, se amunser, se amunser, repetia incenssantemente.

De repente a criança ficou de quatro, ora ria, ora rosnava, olhando para mim e para o velho.

O velho tinha seus cabelos brancos todo arrepiados e em direção à criança, que de repente pulou em cima do velho mago que caiu no chão, e a criança, como um animal faminto começou a lamber o rosto do velho, que repetia incenssantemente

Se amunser, se amunser, se amunser, se amunser

A criança pulou em cima de mim e rapidamente colocou algo em cima do meu coração, e todo o meu corpo tomou de um arrepio.

Se amunser o velho repetiu lentamente, a criança desfaleceu, acordei ainda com os pelos do corpo ristes e uma palavra martelava a minha mente

Se amunser

Se amunser

Canto para minha morte

E se eu morrer amanhã

Quero um sorriso em cada boca

Que canta a minha volta



Quero um lindo gemido

Do lábio que beija

A alma liberta que voa

Pra longe

Bem dentro de mim



Quero um coro de vozes

Que cantam saudades

Do gosto da terra

Do cheiro do campo

Que engole a carne

Da arte de Deus



Quero está ao lado da procissão

Avante irmãos!

Destino

Os céus

Nada de sofrer na estrada

É só a volta



E se eu viver amanhã

Quero um sorriso em cada lábio

Que beija a minha partida



Quero um gemido

Da boca que inventa a saudade

Que aprisiona a alma

Dentro do corpo nu



Quero uma flauta

No silêncio do dia

Avante irmãos !

Destino

A próxima parada

Nada de sofrer

É só a estrada



E se não houver amanhã

Nada quero

Nada sonho

Nada espera na volta

Só restará uma lágrima fria.

Idílio Araújo

Agreste

Vivi assim, meu dia não vislumbrava o amanhã

Era suficiente viver no agreste

Minh’alma fugou por vez primeira

Viajei e vaguei por outros montes e serras

Hoje minha Iris fita ao longe e traça a vida que fui

Ororubá

Vozes da serra e minh’alma pranteia o que já vi

Quando verti a túnica da inocência

Hoje estrangeiro de mim

Em busca da ordem

Me pergunto

Nesse complexo de equívocos

Ainda volto a encontrar meu princípio?

idilio